segunda-feira, abril 23, 2012

As aventuras(ou trapalhadas) de Zebrinha do Céu! - Republicação

Antes de começarmos as narrativas das aventuras (ou trapalhadas) de Zebrinha do Céu, devemos primeiro frisar que Zebrinha é uma pessoa de bom coração, porém, sem o mínimo traquejo social, ou seja, fala o que passa pela cabeça sem perceber o estrago que faz, com isso em mente vamos ao relato conseguido pela nossa equipe de reportagem:

Estamos no segundo semestre de 2001, nosso querido personagem principal é estudante do 2º ano de fisioterapia de uma mediana faculdade da Zona Norte de São Paulo, no período noturno, após mais uma aula de Psicologia ministrada pela Professora Taturana Assada, a turma da sala I09, se dirige para as bancas de comida e lanchonetes próximas, no caminho inicia-se uma discussão sobre a aula recém-findada:

- "Essa vaca não sabe dar aula!" - diz o Antinha Puxinha Saco
- "Ela tá achando o quê, que a gente é psicologo formado?" - diz Coelha Tarada
- "Vou reclamar com a coordenadora." - esbraveja Siriema Eu Sou o Máximo.
- "Isso se você achar ela na sala." - rebate o Viadinho Talvez. Aí, Leão Sabichão resolve tomar a frente da turma e propor uma conversa, franca e direta com a professora, sem antes claro dizer que ela não tem didática, que ele já deu aula e sabe como deve ser feito, que são necessários fatos concretos e outras coisas mais que Zebrinha não tem a minima vontade de lembrar porque achou aquilo tudo muito chato e preferiu se concentrar em devorar dois pastéis, um bolinho de carne e uma barra de chocolate, quando perguntado sobre o que acha do assunto, limita-se a um simples: - "Acho que ela é louca." - e volta sua atenção pra fanta uva e chocolate, enquanto os demais topam a proposta de Leão Sabichão, com efusivas exclamações e alguns adjetivos nada delicados a dignidade da moça.

Retornando a sala de aula os alunos intimam a professora, que surpreendentemente aceita a discussão, com a ressalva de que se realmente estiver causando dificuldade no entendimento da matéria irá alterar sua forma de trabalho, porém se nada conseguirem argumentar que a convença tudo ficará como está. Contra-proposta aceita, todos sentados em semi-circulo, com a professora no meio, ela começa a indagar os alunos um a um sobre quais são suas reclamações.

E foi aí que o caldo entornou, confrontados cara a cara com a professora, os reclamões deram pra trás, de um instante pra outro todos passaram a entender toda a matéria, até mesmo a Gazela Gostosa, que realmente entendia, mas gostava de se fazer de vítima, não teve coragem de dizer que nada sabia, que a Taturana não sabia dar aula, nesse momento Zebrinha ria, quase gargalhava da cara dos orquestradores do movimento, pior, estava ele sentado no meio destes, bem de frente a professora, Leão e sua companheira Siriema se enervavam, porém contavam com uma reviravolta quando chegara a vez da Coelha Tarada:

- "Taturana, eu adoro psicologia, quero inclusive fazer o curso, mas demora pra eu entender, mesmo escutando e transcrevendo eu não consigo entender a sua aula, mas acho que é um problema meu." - Leão e Siriema viram o ânimo aumentar, mas ainda não o suficiente, esperavam o golpe final da boca de Antinha Puxa Saco, porém o que veio a seguir acabou com tudo.

- "Professora, eu acho a sua aula maravilhosa, a senhora maravilhosa, eu entendo tudo, fico com uma ou outra dúvida, mas depois que leio de novo não tenho mais nada.", pronto o pior aluno da sala, o maior e menos elogioso crítico das aulas fugira do pau, Zebrinha quase fazia xixi de tanto rir, Leão e Siriema queimavam de ódio.

Chegou então a vez de Zebrinha, ele não tinha nada pra falar, achava aquilo uma tremenda babaquice, pois sabia que o que acontecia era um confronto de egos, Leão não admitia nada subjetivo, fora criado com visão estreita, em um mundo preto e branco e infelizmente para ele a psicologia era algo subjetivo, a psiquê humana é passível de diferentes interpretações e o que interessa ao professor na prova é se o aluno pegou o que ele passou e não se ele acredita ou não no que foi ensinado.

- "Professora eu não posso reclamar de nada, mal venho a sua aula, quando venho, entendo a matéria, só acho que a senhora é louca, pois começa um assunto, depois muda no meio e antes de terminar esse segundo volta pro primeiro, mas como eu também não sou normal, não vejo nada demais." Sim, Zebrinha chamou a professora de louca na caruda, seria esse o seu fim? Qual não foi a surpresa de todos quando Taturana Assada, rebateu:

- "Realmente eu faço isso e me acho meio louca mesmo.", ela sorria pra Zebrinha, que gargalhava com a situação.
- "Então, não temos problemas professora." - Zebrinha louco pra sair e comer uns chocolates ainda teve tempo de rir muito com Leão e Siriema, esta quase descontrolada, esbravejava que de uma hora pra outra todos ficaram experts em psicologia, que afinaram e outras reclamações contra seus colegas, enquanto Leão mesmo sentindo o golpe tentou argumentar com pouquíssimo sucesso, mas mantendo a compostura, para mudar a situação.

Tudo terminado, nada resolvido, Leão e Siriema saíram pisando fundo, estavam irritados, Zebrinha só ria, não de maldade, mas por que gostava da professora e achava as reclamações ridículas, todos ali tinham idade e experiência de vida suficientes para saber o que podiam ou não levar para suas vidas e carreira, além do que foram avisados no primeiro dia de aula que aquela era a fórmula de ensino e a corrente da Psicanálise que a professora seguia, oras se tivessem algo contra que se manifestassem antes ou mudassem de curso, até onde Zebrinha sabia Matemática não tinha aula de psicologia e faculdade de egos inflados ainda não existia.

(Esta é uma obra de ficção, baseada em fatos reais, se você se identificou com algum dos personagesns e não gostou, azar o seu, tá na hora de aprender a se levar menos a sério.)


(Texto originalmente publicado no Além do óbvio e ululante que pulula mentes humanas).

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